30 de maio de 2009

Ciúme

ci.ú.me

sm (lat vulg *zelumen) 1 Inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade no amor ou em outra aspiração. 2 Vigilância ansiosa ou suspeitosa nascida dessa inquietação. 3 Ressentimento invejoso contra um rival ou suposto rival mais eficiente ou mais bem-sucedido, ou contra o possessor de uma vantagem material ou intelectual cobiçada. 4 Bot Arbusto asclepiadáceo, denominado também capulo-de-seda, flor-de-seda, bombardeira (Calotropis procera). 5 Bot Arbusto asclepiadáceo (Calotropis gigantea).

Eu sinto ciúmes. Acredito que você também sinta. Como também acredito que ciúmes possui diversos graus. Diversos tipos. Diversos motivos.

Creio que o ciúme é justificável, mas não tem razão. Se houvesse razão para a desconfiança então é uma suspeita. Normalmente ciúme é exatamente o que é: ciúme.

Não concordo que sou ciumenta. Sentir e ser são coisas diferentes. Se sinto, significa que as vezes ocorre. Se sou, é uma característica intrínseca e irremediável.

Tem gente que acha que quem ama sente ciúmes. Tem gente que não suporta ciúmes. Tem aqueles que fingem não sentir, mas se remoem antes de dormir. E tem aqueles que demonstram para quem quiser ou não saber.

Ciúme.
Eu sinto ciúmes. Sinto ciúmes de namorado, de amigo e até de cachorro. E sentem ciúmes de mim (inclusive o cachorro).

Podem dizer que não é um sentimento bom.
O ciúme vem acompanhado as vezes de ressentimento, de raiva, de inveja ou de medo. O objeto de ciúme se sente valorizado. Ou então invadido. Mas sente também. Acho improvável que seja indiferente.

O ciúme insita a imaginação. Diversos pensamentos nascem, principalmente com "Será" e "Por que" no início. Quando o ciúme passa, normalmente vem o "Ë que pensei que..."


O cíume, por mais infudado que seja, é natural. Faz parte.
Claro que com moderação. Mas afinal, tudo na vida não requer uma certa dose de moderação?

Então, sintamos nossa dose de ciúmes.

24 de maio de 2009

Saudade

sau.da.de
sf (lat solitate)
1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que nos vemos privados. 2. Pesar, mágoa que essa privação nos causa. 3. Bot. Suspiro (planta dipsacácea). 4. Nome dado no Brasil a várias plantas.

Uma vez, na aula de gramática do colégio, o professor disse que saudade era típico do brasileiro, pois não existe em mais nenhuma língua tal palavra.
O sentimento, espero, existe para todos.

Uma coisa é sentir falta, que é o que existe em todas as línguas. Mas outra é a saudade. Posso sentir falta de cheiro de bolo no forno ou das férias na praia com minha mãe na época que ainda usava maio extravagante com babados. Mas saudade não. Saudade é mais além. Saudade é algo que não dá para sentir quando alguém descreve. Saudade só entende quem sente.

Tenho sensações antagônicas quando sinto saudades de alguém.

Saudade para mim é ora suspiro ora lágrima.
Tenho recordações que me fazem dar um sonoro suspiro e quando abro os olhos sou capaz de sentir as sensações da época. Na pele. No coração.
Tenho recordações que de tão boas as lágrimas atropelam o suspiro e fazem doer. No coração. Na alma.
Um dos meus maiores medos é perder as recordações com o tempo. Medo que minha memória se distraia e perca o que me sobrou de pessoas que já partiram.

A saudade, as vezes, pode ser mais profunda que qualquer outro sentimento.
Pode tanto nos reconfortar como nos rasgar.
Nos preencher ou nos jogar no vazio.
A saudade é ora luz ora escuridão.

Tem gente que acredita que poderia morrer por causa do amor. Acho que eu morreria de saudade.
Provavelmente não literalmente, mas partes de mim, pouco a pouco.

Hoje meu coração está repleto de saudade, mas firme e inteiro por um fio.
Um fio de esperança de nunca esquecer quem realmente importa.

Hoje meu coração suspira e chora.

21 de maio de 2009

Tempo

tem.po
1. Série ininterrupta e eterna de instantes. 2. Medida arbitrária da duração das coisas. 3. Época determinada. 4. Prazo, demora. 5. Estação, quadra própria. 6. Época (relativamente a certas circunstâncias da vida, ao estado das coisas, aos costumes, às opiniões). 7. Estado da atmosfera. 8. Por ext. Temporal, tormenta. 9. Duração do serviço militar, judicial, docente, etc. 10. A época determinada em que se realizou um facto ou existiu uma personagem. 11. Vagar, ocasião, oportunidade.

Assim como estamos presos à necessidades básicas, como comida, ar e água, estamos presos ao tempo. Me pergunto se sempre foi assim. Me pergunto se para todos é do mesmo modo, a mesma prisão.

Estamos tão presos ao tempo que não percebemos o tanto que ele nos rouba. Achamos normal o trânsito. Podemos até reclamar, mas continuamos nele, dia após dia.
Cumprimos horários e cronogramas. Muitas vezes determinados pelos outros, e nem reparamos nos horários que nós mesmos deveríamos seguir.
Quantas pessoas dormem diariamente sem despertador? Se deixam acordar naturalmente, quando o corpo se julga descansado o suficiente para um novo dia.
Quantos veem o relógio como peça fundamental do vestuário? Que são capazes de esquecer de por o sapato, mas jamais do relógio.
Estamos presos no tempo. Você tem que cumprir oito horas de serviço. Você só pode almoçar durante uma hora. Você obedece. Você é.
Alguém, há muito tempo, definiu os anos, os dias, as horas, os minutos e os segundos. Mas não definiu o instante. Ainda bem. Tem coisas que o tempo não dita a regra. A hora certa é simplesmente a hora que acontece. Como o Amor.
Acredito que quanto mais instante vivemos, mais plenos nós somos.
Se o relógio nos escraviza é o momento de guardá-lo no criado-mudo. Experimentar caminhos novos. Dormir quando sentir os olhos pesados. Aproveitar as flores na primavera e o cachecol no inverno.
Pensar em tempo só quando olhar para cima e decidir levar o guarda-chuva. Ou então, deixá-l0 em casa, e viver o tempo que for.

16 de maio de 2009

Amigo

amizade
s. f. 1. Afeição recíproca entre dois entes. 2. Boas relações.

Várias citações me veem a cabeça quando penso em amigo. Lembro-me da música "amigo é coisa para se guardar, do lado esquerdo do peito". Lembro-me das palavras de Vinicius de Moraes: "Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos". Ambas citações vão além da definição do dicionário. Mas as duas também generalizam.

Cada amigo é um amigo. Tem amigo de infância e amigo daquelas férias de verão. Tem a turma da balada e a galera que chama sua mãe de tia. Tem amigos e amigos.

Ou não.

Amigo não depende da situação e amigo não se define pelo tempo. Amigo é isso: amigo. Assim como mãe, no fim das contas, é mãe. Independente de como seja a sua. A palavra amigo deveria bastar, se justificar por si só. Não há dúvidas, é entrega, confiança e cumplicidade.

Ou não.

A confiança não vem do nada. Os mais brandos diriam que é inocência confiar em quem não se conhece. Os mais duros diriam que é tolice. Eu digo que é um risco. Tem gente que vê amigos como a família que escolhe. Mas não sei se é possível comparar a relação familiar com aquela tida com amigos. Ou então, comparar o amor.

Ou não.

Tem amigo que se reconhece. Há uma identificação, um complementar. Parece que tem gente que nasceu para ser nosso amigo.

Ou não.

Podemos conhecer a pessoa por anos e aos poucos, e quando digo isso é bem aos poucos mesmo, se torna um amigo.

Ou não.

Tem amigo que era o melhor amigo um dia. Mas o caminho comum se dividiu em dois, e o melhor amigo se tornou um bom amigo. Que se tornou um conhecido. E então uma lembrança.

Ou não.

Tem gente que acredita que amigos verdadeiros fazemos poucos na vida. Não há o melhor amigo e um bom amigo. Há O amigo. E só ele.

Ou não.

Amigo.
As vezes me sinto cheia de amigos, as vezes sem nenhum.
Na maior parte das vezes me sinto satisfeita com a amizade.

Satisfação, riso, confiança e ternura.
Uma boa receita.

9 de maio de 2009

chuva 2

chu.va

s. f.
1. Água que cai das nuvens. 2. Fig. Abundância (do que sobrevém). 3. Fitas ou glóbulos de fogo-de-artifício que soltam os foguetes. 4. Bras. Bebedeira. 5. Chave falsa, gazua. 6. Poste telegráfico.

Como já disse, a chuva traz devaneios.
E dessa vez foram para o Dudu, porém ele deixou que eu os compartilhasse:

"A chuva para mim é um milagre. Um presente. A chuva faz as flores do jardim abrirem para mamãe sorrir. A chuva faz a vida viver.
Não sei o que faz a chuva acontecer. Talvez seja o céu chorando. Talvez seja o Papai nos regando. Talvez a chance da gente florescer.

Me pergunto se em meio as lágrimas que veem do céu não está misturada a saudade daqueles que agora moram por lá. Me pergunto se as lágrimas dos que aqui sentem saudade também encontram uma forma de chegar por lá.

A chuva para mim também é sinônimo de saudade."


(Dudu)

6 de maio de 2009

A grande Arte

ar.te
s. f. 1. Preceitos para fazer ou dizer como é devido. 2. Livro de tais preceitos.
3. Fig. Modo; artifício. 4. Habilidade. 5. Manha, astúcia. 6. Técn. Aparelho de pesca. 7. Ofício.

Sem dúvida o dicionário dessa vez me surpreendeu. Não que eu saiba definir a arte, mas decididamente nenhuma dessas definições me ocorreu.
Não sei o que é Amor e política, mas mesmo assim me arrisquei a parecer tola. Por que não mais uma vez?

A arte me domina, mesmo quando tento dominá-la. E me fascina, de modos que antes eu nem sabia existir. A arte desperta sentimentos e sentidos, sendo capaz de me tirar da minha linha reta.
Não consigo imaginar um ser humano indiferente a arte, que não goste de música. Pode não cantar junto, nem ter a vista embaçada por lágrimas, mas o pezinho debaixo da mesa há de encontrar o ritmo. Nem posso dizer que aquele indiferente a arte é um vegetal! Hoje existem tantos estudos mostrando como o crescimento de plantas é diferente dependendo da música que toca no ambiente!

Comecei pela música por ela ser a mais abrangente. Infelizmente não são todos que compartilham comigo o prazer de uma peça ou de um livro. Infelizmente não são todos que tem a oportunidade para tal. Mas confesso me surpreender daqueles que poderiam mas não compartilham.

A arte me envolve de inúmeras maneiras. Está presente a cada gota de suor que me escorre durante a dança.
E, para mim, a dança é a forma mais fascinante de arte. Pois a dança não é uma arte externalizada do artista, como um quadro ou um livro. Obviamente é muito mais fácil de eternizar algo material. Porém ao terminar esses tipos de obra, elas não mais pertencem ao artista. O elo já foi cortado. Estão terminados e sozinhos diante do mundo.
A dança não.
A dança é a arte de cada pedaço do artista. O bailarino é a própria arte. Não são preciso palavras para transmitir o sentimento. A música é um pequeno instrumento. A magia está no movimento. Ali. Real. Não há borracha e nem massa branca para passar por cima caso haja um erro.
É uma arte que nasce,amadurece e perece com o artista. É efêmera, e por isso é ainda mais especial. Não dá para guardar para depois. Tem que ser agora.

Não sei o que Shakespeare sentia ao escrever Hamlet. Ou Van Gogh com seus Girassóis.
Só o que eu sinto ao apreciá-los, de forma egoísta e solitária.
A dança não.
É compartilhada entre bailarino e espectador. Pode não ser o mesmo sentimento, mas é real. É presente. É agora.

A dança como todas as outras artes evolui ao passar dos tempos. Estende o limite para o que antes parecia impossível ou impensável. O limite do corpo não parece ser um obstáculo quando se tem uma mente fértil.

É admirável.
É envolvente.
É a Arte.