28 de abril de 2009

Acaso

a.ca.so
sm (a+caso) 1 Acontecimento incerto ou imprevisível; sucesso imprevisto, casualidade, eventualidade. 2 Caso fortuito. 3 Destino, fortuna, sorte.

Não sei se acredito no acaso. Alguns acontecimentos são inexplicáveis demais para não serem e outros são certeiros demais para serem.

O acaso gera problemas ao meu ver. O primeiro é que podemos transferir uma culpa nossa no acaso. Não aconteceu por minha causa, não fiz nada de mais! Foi o acaso! Ou então podemos não nos dar valor. Achar que não foram nossas decisões acertadas que nos levaram a tal ponto, mas o acaso! Que sorte! Não fiz nada para merecer isso!

Também ocorre o fato de não refletirmos sobre um acontecimento, pois ao falar que foi o acaso, está respondido. É como falar que certas coisas são assim como são porque Deus quis.

Porém há encontros que por mais que tentemos encontrar o por quê... simplesmente não há. Como explicar que no meio de tantas pessoas no mundo você encontra o seu verdadeiro amor? Ou então sua amiga-irmã?
As vezes ao andar na rua me pergunto se não posso provocar o acaso. Cada pessoa é uma alguém importante em potencial. Cada desconhecido é a chance de um bom amigo. De um louco amor. Mas falta o acaso que nos uniria.
O tempo não precisa mudar de repente para se puxar assunto no elevador. É só por nas mãos do destino e falar o que lhe vier, ao acaso, na cabeça.

Como explicar?
Como não explicar?

Cada caso é um (a)caso a se pensar.

6 comentários:

  1. Até para provocarmos o acaso ainda precisamos dele: "É só por nas mãos do destino e falar o que lhe vier, ao acaso, na cabeça".

    Belo blogue, e é interessante o formato...

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  2. Não existe destino. Concordo quando você diz que um desconhecido pode ser alguém importante, de acordo com o acaso, mas não vejo as pessoas como certas para você, isso é algo que você deve construir. Como disse o sábio:
    "Um estranho é um amigo que você ainda não conheceu. Isso ou um assassino que você ainda não conheceu."
    Belas palavras.

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  3. De fato, é um caso a se pensar. Eu, por acaso, já tive muito mais obstinação em estudar a questão do que tenho agora. Mais menino, eu me via tentado a acreditar em certos acontecimentos como uma obra fugídia e incompreensível para a tola racionalidade humana. É quase certo que fosse um pequeno espamo católico de minha subjetividade na tentativa de uma resposta pronta. Como você citou, "porque Deus quis". Hoje não.

    Me vi envolto com o materialismo e virei um sujeito caxias. Engraçado! Às vezes, conversando com minha namorada, vejo que, como a pequena criança de outrora, transformei o marxismo em uma crença. Assim, penso que tudo faz parte de uma história, e o acontecimento de agora - o encontro do grande amor ou o encontro com um bom amigo - será constantemente ressemantizado pelo futuro. Como seres históricos e cheios de questões, formularemos enigmas absurdos, daremos uma aura ao que mudou nossas vidas e assim, nos alienaremos de nós mesmos. A filosofia nos permite a contingência. É o velho clichê de sair na rua e ser atropelado pateticamente.

    E, mesmo agora, por acaso, eu vejo que esse meu discurso nem é tão contingente assim. Como se eu, pudesse capturar tudo e todos na minha análise e decretar o fim do acaso. Não, não. Ele existe, sim. Está aí batendo em nossas portas. Eu não abro e crio uma religião político-filosófica e abasteço-me de arrogância para lidar com o que não entendo. Ainda somos humanos demais para certas questões.

    Não adianta, "cada caso é um (acaso) a se pensar".

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  4. bom, achei o texto bem legal...e interessante em alguns trechos!!!! até um pouco melancolico...parabéns!!!!

    t+

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  5. Então dizer o que? Dispensa comentários...Muito bom mesmo!
    Abraço.

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  6. o acaso fez Augusto Boal falecer em plena Virada Cultural.

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Devaneie.