29 de março de 2009

chuva

chu.va
sf (lat pluvia) 1 Meteor Vapor d'água, condensada na atmosfera, que se precipita sobre a terra em forma de gotas. 2 Água que cai das nuvens. 3 Tudo que cai do ar em abundância: Chuva de cinzas. 4 Abundância, ocorrência simultânea e sucessiva de muitas coisas: Chuva de pedidos. 5 Bebedeira, embriaguez. sm gír Indivíduo que se embriaga com freqüência. C.-criadeira, Reg (Nordeste): chuva miúda e contínua. C.-de-caju ou c.-de-rama: chuvas que, no Norte do Brasil, caem em setembro e outubro e favorecem a maturescência dos cajus. C.-de-ouro, Bot: a) planta orquidácea (Oncidium flexuosum), também chamada de canafístula-verdadeira; b) planta ornamental, da família das Leguminosas, subfamília das Papilionáceas (Laburnum vulgare ou Cytisus laburnum). C. de pedra, Meteor: precipitação de granizo; saraiva, saraivada, granizada. C.-dos-imbus: o mesmo que camboeira. Estar na chuva: estar embriagado.

Sempre que chove imagino o que outras pessoas, conhecidas ou não, estão fazendo.
Sempre que chove me imagino em outro lugar, com inveja daqueles que possívelmente lá estão.

Tem vezes que estou na rua, e fico me imaginando em casa, no seco, agasalhada. Talvez embaixo das cobertas vendo um filme, ou então tirando aquela soneca negligente de meio de tarde.
Tem vezes que estou dentro de casa, me sentindo presa. E fico me imaginando na rua, livre, de braços abertos, recebendo infinitas gotas em meu rosto risonho.
Tenho a impressão que a chuva atiça minha imaginação.

Quando ouço o barulho da chuva imagino sempre coisas boas. Ou pelo menos líricas. Nada de enchentes, e desgraças. Talvez por já ter passado por uma.
Quando ouço o barulho da chuva tento imaginar como é a vida de cada gota alcançando o seu fim. Pode ser na calçada ou sobre um guarda chuva lilás de bolinhas em cima de um casal apaixonado.
Tenho a impressão que a chuva atiça minha imaginação.

As vezes ponho a mão para fora da janela só para sentir a vida encostar em mim. Quando criança já cheguei a pensar que a chuva eram lágrimas de São Pedro, por isso poderia sentir sua tristeza se agarrasse cada dor com as mãos.
Imagine que bom seria, se pudessemos dividir a dor com alguém apenas segurando suas lágrimas?
Infelizmente ele continua chorando.
Tenho a impressão que a chuva atiça minha imaginação.


A chuva me traz saudade e lembranças de outros dias chuvosos.
O que fez no último dia de chuva?
Lavou tristezas ou regou alegrias?

Atiça a imaginação.

25 de março de 2009

Amor

a.mor

sm (lat amore) (...)

Não há definição em palavras para o amor. Só os que não amam e os tolos acreditam que são capazes de descrever aquilo que não se descreve, que só se sente.

Palavras descrevem as sensações, jamais o sentimento.

E hoje, quero falar de sensações.

O primeiro amor que me vem a mente é o, incomparável, amor de mãe. Infelizmente nem todos tem a chance de sentir esse amor. Por isso quero citar amores que todos podem sentir. Como aquele que sentimos ao passar uma pétala no rosto.

Quero falar do amor ao ver o sol passando entre as folhas de uma árvore mais velha que a história. Do amor que nos incha ao ver um casal de velhos de mãos dadas sentados no banco embaixo dessa árvore exalando eternidade.

Quero falar do amor que mistura-se ao orgulho em uma vitória e do amor que mistura-se a saudade em uma perda.

Quero lembrar do amor que não chegou a existir. Que ficou naqueles momentos passados que viramos para a direita e não para a esquerda.

Quero entender que o amor não deve gerar tristezas, mas despertar o melhor de mim.

Quero sonhar que todos sentem amor.

24 de março de 2009

escolha

es.co.lha

sf (der regressiva de escolher) 1 Ato ou efeito de escolher; seleção, classificação. 2 Aquilo que se escolhe. 3 Discernimento. 4 Grãos de café, de cereais etc., de qualidade inferior, que ficam após a seleção dos melhores. Var: escolhimento.

Fazemos mais escolhas que gostaríamos. Algumas inconscientemente, outras que mesmo depois de terem sido feitas, perpetuam em nossa mente.

Algumas escolhas são feitas em frações de segundo. Como escolher o João e não o Dudu pro time de futebol na 6a série, diminuir a velocidade no semáforo amarelo, dormir mais cinco minutos e deixar de usar camisinha somente aquela vez.

Outras escolhas demoram alguns minutos. Choramingar mais pela boneca, blusa azul ou a amarela, comprar o livro novo da Nora Roberts e dar chance para o rapaz que não para de olhar para cá.

Existem também as escolhas "fundamentais". Aceitar o emprego X e não o Y, comprar um apartamento pequeno no centro e não uma casa maior afastada e assumir que não se lembra do que falava há três minutos.

Quais escolhas mudaram a sua vida? É excentricidade achar que só suas escolhas fizeram a sua vida assim como é?

João ainda acha que joga melhor futebol e se diverte com o sobrinho aos domingos, filho de mãe adolescente.

Joana conheceu Dudu, um rapaz encantador na livraria, que reparou nela pela blusa azul que combinava com seus olhos.

E você nunca saberá se fez a escolha certa ao escolher essa profissão.

Escrever um blog foi uma escolha. Parar de escrever nele também será, um dia.

Não sei se há sempre uma escolha, uma alternativa. Possuímos valores que podem nos impedir determinadas atitudes. Mas tais julgamentos também foram uma escolha.

As vezes gostaria que nenhuma escolha minha fosse mais difícil do que decidir entre pirulito de maçã verde ou o de tutti frutti. As vezes gostaria de escolher no lugar dos políticos. As vezes gostaria que decidissem por mim. Porém essa decisão é, invariavelmente, outra escolha.

Qual a sua escolha agora?

15 de março de 2009

papel

pa.pel

sm (cat paper, do lat papyru)

1 Substância constituída por elementos fibrosos de origem vegetal, os quais formam uma pasta que se faz secar sob a forma de folhas delgadas, para diversos fins: escrever, imprimir, embrulhar etc. 2 Documento escrito ou impresso. 3 Parte que um ator desempenha no espetáculo. 4 Atribuições, funções: Mantenho-me em meu papel; não vou além dele. 5 Atos que se praticam; maneira de proceder: Não aja dessa maneira, que é um papel muito feio. 8 Tudo o que representa dinheiro sonante: bônus, cheques, letras de câmbio etc. sm pl Nome genérico de passaportes e outros documentos relativos a pessoas. 9 Borrar papel: escrever sem mérito literário. 10 No papel: no projeto.

Qual o nosso papel?

É mostrar-se forte independente de nossas fraquezas, mostrar certeza daquilo que duvida e convicção do que não conhece completamente.

Qual o meu papel?

É gerenciar políticas públicas, ser filha, amiga e transeunte.

É fingir saber que sei o que são políticas públicas, num espaço de repetições de idéias onde nem os que falam e nem os que ouvem sabem da onde nasceram as palavras.

É fingir ser forte no momento de maior fraqueza para fingir que acredita que não sabe que sabem que eu estou fingindo ser forte.

É ouvir problemas alheios e dar conselhos que nem eu mesmo sigo em minha vida e sei que também não irão seguir, já que no fim fazemos nossas próprias escolhas, sendo que, na maior parte das vezes, a errada.

É ser mais uma na multidão. Uma. Mas única.

Qual é o seu papel?

É ler agora aquilo que não sabe da onde veio, de quem não sabe porque escreve.

Se temos um papel é porque, talvez, atuamos.

Mas será atuar o ato de fazer ou o ato de interpretar?

Será o papel para se rasgar ou para se seguir?

Bravo!

12 de março de 2009

Pensamento

pen.sa.men.to
sm (pensar+mento)
1 Ato ou faculdade de pensar. 2 Ato do espírito ou operação da inteligência. 3 Fantasia, imaginação, sonho. 4 Cuidado, preocupação, solicitude. 5 Idéia, lembrança. 6 Modo de pensar; opinião. 7 Alma, espírito. 8 Conceito, moralidade (de um apólogo, epigrama, ou sátira); (...)

Quem pensa?
Todo mundo pensa!

Mas quem realmente pensa?
Posso pensar o que todo mundo pensa ou pensar sozinha.
Como só eu penso.

Porém se o que penso, só eu penso, como saber se isso é pensamento e não loucura?
Fantasia, imaginação, sonho.

Pensamentos não coerentes existem, mas opinião?
Se meu pensamento é minha opinião, contudo meu pensamento é único e exclusivamente meu, como fazer os outros concordarem comigo?
E se concordarem, qual a graça? Aceitariam meu pensamento sem que tenham pensado de fato! Se pensassem, pensariam sem minha ajuda!

Que pensamento estranho.

10 de março de 2009

Silêncio

si.lên.cio
sm (lat silentiu)
1 Ausência completa de ruídos; calada. 2 Estado de quem se cala ou se abstém de falar; recusa de falar. 3 Abstenção voluntária de falar, de pronunciar qualquer palavra ou som, de escrever, de manifestar os seus pensamento. 4 Discrição. 5 Descanso; estado calmo; estado de paz, de inação. 6 Mistério, segredo. (...)
Passar em silêncio: omitir.
Reduzir ao silêncio: obrigar a calar por meio de argumentos convincentes.


Estou em silêncio.
Não sei o motivo, ou simplesmente não o procuro. Omito de mim mesma o que pode ser perigoso dizer em voz alta. Mesmo que ninguém possa me ouvir.

Ouço o silêncio.
Isso não parece possível, gramaticalmente falando. Já que o silêncio é justamente a ausência de ruídos. Entretanto o silêncio possui um peso. Tal que se ouve.

Vivo no silêncio.
Não vejo porque sairia dessa condição.

Mentira.
Há mil argumentos. Porém nenhum é tão forte quanto aquele que me impede de mudar.
Qual é esse? Não sei. Sendo assim não há como combatê-lo.

Silêncio.
silêncio pode ser visto também como sinônimo de falta de coragem.
(Sim, utilizo um eufemismo para covardia. Não gosto de me ver como covarde, prefiro acreditar que me falta uma dose de coragem)

Essa falta de coragem provém de anos de prática na absoluta ausência de ruído.

O silêncio é um consolo e um conforto.
É a certeza que enquanto ele existe não há porque temer mudanças.

No silêncio podemos fingir que não reparamos, que não sentimos falta. No silêncio podemos fingir qualquer coisa, ser qualquer coisa. No silêncio todas as desculpas são válidas.



Silêncio.

Até o primeiro grito.